Jaqueline Mello comenta a vitória no Sindicato dos Bancários/PE
Publicado: 24 Novembro, 2009 - 00h00

A presidenta eleita do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Jaqueline Mello, em entrevista ao jornal da CUT-PE avaliou a disputa eleitoral, o significado da vitória por dois votos de diferença e as expectativas para 2010. Vale lembrar que a Chapa 3 venceu o segundo turno com 2.081 votos contra 2.079 obtidos pela Chapa 1, a apuração terminou na madrugada do dia 14//11/09. Leia agora:
E inegável que neste ano, a eleição dos bancários de Pernambuco foi histórica e marcante. Como você avalia essa disputa?
Foi um processo difícil com a inscrição de 4 chapas, sendo duas do campo cutista. Divisão que tentamos evitar, o que não foi possível a partir da intransigência do então presidente que pretendia “expurgar” lideranças históricas dos bancários da direção da entidade, além da postura autoritária e personalista. Não podíamos compactuar com isso.
Nossa chapa nasceu da vontade e da crença em construir uma gestão diferente.Ousamos discutir com a base e lançar uma chapa com 70% de renovação, mesclando a experiência de dirigentes e militantes históricos com a criatividade dos mais novos, e tendo a frente uma mulher! Discutimos nossas propostas, o tempo todo, de forma coletiva. Todos se envolveram de corpo e alma no processo. O resultado foi uma campanha bonita, alegre, pra cima, propositiva. As cores das camisas-rosa e lilás, refletiram nosso desejo de mudança e a categoria disse sim ao nosso projeto. A humildade e a perseverança venceram a prepotência.
Qual é o significado de vitória por dois votos ?
Esses dois votos tem tudo a ver com a nossa vitória. O projeto democrático e coletivo que estamos construindo tem de valorizar cada pessoa. E é assim que cada bancário e bancária se sente, com orgulho de ter trabalhado para esse resultado. As histórias que cada um nos conta de como “seu” voto garantiu nossa eleição, só nos legitima, nos fortalece e aumenta nossa responsabilidade para esse mandato. Foi muito emocionante como a base se mobilizou para derrotar o atraso.
A Chapa 1, da situação, reclama e quer a recontagem dos votos. Qual é a sua opinião?
E um desrespeito à vontade da categoria. A eleição e a apuração foram acompanhadas e fiscalizadas pelo Ministério Público do Trabalho, além dos representantes das duas chapas. Depois da apuração, o mapa da totalização de votos foi assinado sem nenhuma contestação. Agora querem recontar os votos, mas o fato é que depois da apuração as urnas foram recolhidas e levadas por seguranças da chapa 1, sem lacre. Não é possível garantir sua inviolabilidade.
E os métodos usados pela Asfab foram democráticos?
Temos todo respeito pelos aposentados/as, tendo inclusive na nossa carta programa várias propostas de trabalho com o segmento e suas associações.
Nós criticamos os métodos utilizados pela chapa1 e Asfab na urna 8. O aposentado, ao invés de valorizado foi instrumentalizado. As pessoas eram buscadas em casa e respondiam chamada na chegada em lista da associação. Votaram também com base em mentiras de que se a nossa chapa fosse eleita a sede da Bandeprev mudaria para São Paulo, a Asfab acabaria, etc. Não dá pra admitir quem se diz combativo e democrático usar expedientes tão conservadores como os praticados pela direita nos seus currais eleitorais. Sem os votos dessa única urna, teríamos ganho por 500 votos em pouco mais de 4 mil eleitores, o que demonstra a verdadeira vontade da categoria, incluindo os demais aposentados que votaram na urna 2, no sindicato.
Depois da posse quais serão as prioridades de gestão?
Tomar pé da situação administrativa e financeira da entidade. Aliás, é o que deveria já estar sendo feito nesse período de transição. Aliás, é o que deveria já estar sendo feito nesse período de transição. Ao invés disso o sindicato, através da chapa1, está gastando dinheiro da categoria com carro forte e segurança privada guardando urnas sem nenhuma garantia de inviolabilidade.
Pretendemos, ainda em janeiro, fazer nosso planejamento de gestão tendo como eixo nossos compromissos da carta programa. Queremos também agregar outros elementos absorvidos ao longo da campanha, principalmente sugeridos pelos bancários e bancárias.
A nossa prioridade vai ser dialogar com a categoria, aprofundar o trabalho de base, inovar na simplicidade, agindo sempre de forma coletiva e democrática. Sem esquecer nunca a luta de classes, a autonomia e a liberdade sindical.
A vitória de uma mulher, bancária, cutista, é sinal que nem só de teoria vive o movimento de feminista?
Nossa chapa não tem apenas a primeira presidenta em 78 anos de história do Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Cumprimos a cota de gênero na composição da chapa com 33% de mulheres de bancos públicos e privados. Na diretoria executiva temos equidade de gênero- 50%, com mulheres ocupando os principais cargos de poder e estratégicos, como as secretarias de finanças, formação e comunicação. Na gestão, ampliaremos o trabalho da secretaria da mulher, envolvendo mais e mais companheiras no cotidiano do movimento feminista. O trabalho de formiguinha de várias mulheres, inclusive com a criação da Secretaria da Mulher do Sindicato há 18 anos é que possibilita que a teoria seja posta em prática. Ser eleita presidenta do sindicato não é uma vitória pessoal. São as mulheres bancárias que chegam a presidência e iremos trabalhar pelo respeito às diferenças e pela igualdade de direitos e oportunidades para homens e mulheres
Como você se define como pessoa?
Sou uma otimista . Uma pessoa que sonha muito, mas que tem os pés bem plantados no chão Esse também foi o espírito que norteou nossa chapa. Cada componente, cada apoiador acreditou no nosso projeto e trabalhou muito para torná-lo real. Levamos nossas propostas a cada bancário e bancária. Corremos atrás de cada voto. A categoria nos brindou com a vitória nas urnas e queremos compartilhar esse otimismo na gestão. Sonhar um novo sindicato,mas trabalhar cotidianamente. Plantar para colher.
Quais as expectativas para 2010?
Viveremos um ano importante, com eleições gerais, onde mais uma vez estarão na disputa projetos antagônicos. Como representantes de trabalhadores e trabalhadoras temos que ter lado. Temos que valorizar o voto para aqueles que defendem e praticam a distribuição de renda, a geração de emprego, a criação de um mercado interno forte,as inclusões social, econômica e política.
Em suma não podemos vacilar e dar espaço para que os neoliberais voltem ao poder. Nós trabalhadores e trabalhadoras de forma geral e especificamente do ramo financeiro, sabemos muito bem porque eles não podem voltar.
Em relação a categoria bancária, a reconstrução do sindicato terá que ser posta em prática com a participação de todos e de cada um . Temos que apostar na unidade da categoria em Pernambuco e em nível nacional para garantir nossos direitos e conquistar cada vez mais.
Assessoria de Imprensa CUT-PE
Chico Carlos & Rebeka Nascimento