Escrito por: Imprensa CUT-PE

20 de novembro: vidas negras nos importam todos os dias

Precisamos entender que Vidas Negras Importam todos os dias. Que não basta não ser racista. É preciso ser antirracista todos os dias.

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A Consciência Negra é uma expressão que designa a percepção histórica e cultural que os negros têm de si mesmos. Também representa a luta dos negros contra a discriminação racial e a desigualdade social. Nesta sexta-feira, 20 de novembro, é  dia de reflexão e debates sobre as questões do racismo, da desigualdade racial, do preconceito, do assédio e da violência contra as mulheres; a participação social e política do negro na sociedade, entre outras questões, continua em pauta nos movimentos sindicais, populares e sociais.

A celebração relembra a importância de refletir e, ao mesmo tempo, discutir sobre a posição dos negros na sociedade. Afinal, as gerações de afro-brasileiros que sucederam a época de escravidão sofreram e sofrem diversos níveis de preconceito. Vale ressaltar que a data foi estabelecida pelo projeto Lei n.º 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. No entanto, somente em 2011 a lei foi sancionada (Lei 12.519/2011) pela então presidenta Dilma Rousseff.

Em alguns estados do país, o Dia da Consciência Negra é feriado como no Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Zumbi dos Palmares, nascido livre num quilombo (povoado formado por escravos fugidos), lutou até a morte para defender seu povo contra a escravidão. Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da luta contra a escravidão, lutou também pela liberdade de culto religioso e pela prática da cultura africana no País. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.

Como frisou o companheiro e secretário de Combate ao Racismo da CUT Pernambuco, Gilson de Góz: “ Novembramos 2020 com características tão adversas que um livro pouco daria conta das análises e constatações presentes nas vidas dos humanos no mundo, num ano tão atípico e que chegarmos vivos neste mês já é uma grande vitória”,  

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De acordo com a diretora do Sindicato dos Professores Municipais de Jaboatão dos Guararapes (Sinproja), Tamires Carneiro da Silva, hoje, no Brasil cerca de 56,10% da população são pessoas autodeclaradas negras (pretas e pardas), segundo dados IBGE. No entanto a população negra não está representada de forma paritária na sociedade. “É pequeno e quase inexistente o percentual de pessoas negras ocupando espaços de poder e/ou prestígio social nos mais diversos segmentos da sociedade. Por outro lado, essa mesma população é a que lidera todas as estatísticas relacionadas à negação de direitos, violências e situações de vulnerabilidade social”, ressaltou.

Na opinião de Tamires Carneiro, para as mulheres negras, a situação se torna ainda mais complexa. Uma vez que, se interseccionalizam fatores de raça, gênero, classe e sexualidade, materializando formas de violências diferenciadas. “As mulheres negras estão hoje na base da pirâmide social. Estando pouco representadas na política e em outros espaços de poder; ganhando menos do que homens negros, mulheres brancas e homens brancos, mesmo quando ocupam cargos equivalentes; ocupando maior percentual no mercado informal e trabalho doméstico; e sendo maior número entre as vítimas de homicídios e feminicídios no país”, enfatizou.

A sindicalista assinalou também que, se faz necessário que nossas reflexões e ações de combate ao racismo aconteçam para além do mês de novembro e do Dia da Consciência Negra, que é sim uma data importantíssima. “ É um marco histórico para cultura e protagonismo político da população negra, uma data de luta, de resgate de Zumbi, Dandara e da história de um povo”, completou.

 Mas, precisamos entender que Vidas Negras Importam todos os dias. Que  não basta não ser racista. É preciso ser antirracista todos os dias.