29M: No Recife, ato contra Bolsonaro sofre forte repressão policial
Em Pernambuco, Recife e Petrolina tiveram atos de rua na manhã deste sábado; no interior, manifestação não teve conflito
Publicado: 31 Maio, 2021 - 05h54 | Última modificação: 31 Maio, 2021 - 06h31
Escrito por: Vanessa Gonzaga- BdF Pernambuco
Em todo o país, manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro acontecem durante este sábado (29), com a convocação do ato puxada pela Campanha Fora Bolsonaro e movimentos populares ligados à Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo. Em Pernambuco, a capital Recife e Petrolina, no sertão do estado, registraram atos de rua. No município de Garanhuns, no Agreste, um ato virtual aconteceu durante a noite.
No Recife, ainda na noite de sexta, a Promotora de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital do Ministério Público de Pernambuco recomendou em nota aos integrantes das Frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Nacional dos Estudantes (UNE), que o ato fosse cancelado, justificando a recomendação com base nos Decretos Executivos do Governo do Estado de Pernambuco nº 50.561, de abril de 2021 e do Decreto nº 50.752, de 24 de maio de 2021.
Na tentativa de cumprir a recomendação e desmarcar o ato, algumas organizações, entre elas o Partido dos Trabalhadores e o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), emitiram nota pública recomendando à militância que não fosse até a Praça do Derby, onde a concentração estava registrada.
Ainda assim, milhares de pessoas compareceram ao chamamento e o ato aconteceu. No fim da manhã, quando os manifestantes seguiam entre a Rua da Aurora e Avenida Conde da Boa Vista, o Batalhão de Choque da Polícia Militar de Pernambuco reprimiu com bombas, spray de pimenta e balas de borracha os manifestantes. Ainda não se sabe o número de feridos, mas três pessoas estão detidas na Central de Plantões da Capital (CEPLANC), no Recife.
Uma das pessoas agredidas pela Polícia Militar é a vereadora Liana Cirne (PT), que foi agredida fisicamente e teve spray de pimenta disparado diretamente na face, como mostram as imagens que estão circulando nas redes sociais.
A truculência da polícia contra o ato rendeu declarações nas redes sociais de parlamentares como a da também vereadora Dani Portela (PSOL): "O ato foi recebido pelo choque. Nós estamos aqui para pedir comida e vacina. Isso é um absurdo. A polícia jogando bombas em cima dos manifestantes, é isso que está acontecendo. Nós queremos uma resposta do Governo do Estado”, cobra.
O Deputado Federal Carlos Veras, do Partido dos Trabalhadores, manifestou-se em solidariedade a sua companheira de partido “Toda nossa solidariedade à vereadora Liana Cirne e indignação à PM de Pernambuco. Nada, absolutamente nada, justifica essa violência de agentes públicos, que deveriam proteger a população. Repudiamos todos os atos de agressão contra pessoas que estão na rua lutando por vacina no braço e comida no prato”, afirmou em sua conta no Instagram.
O presidente da CUT- Pernambuco, Paulo Rocha, respondeu ao governador do Estado, Paulo Câmara. "Senhor Governador do Estado de Pernambuco nós queremos saber quem mandou executar essa ação tão violenta que vivemos na manhã deste sábado, 29, no centro do Recife? Vimos extrema violência, por parte da Polícia Militar, contra companheiros e companheiras. Repudiamos também a ação policial do Batalhão de Choque contra a vereadora do PT, Liana Cirne. Exigimos apuração do caso e punição dos culpados.
Robson Nascimento, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Pernambuco, explica que o retorno da esquerda às ruas neste momento tem o papel de desgastar ainda mais o governo Bolsonaro e denunciar sua falha no combate à pandemia. “Voltar às ruas hoje não significa colocar vidas em risco, mas preservar vidas. Passamos mais de um ano reivindicando as políticas de isolamento e a vacinação da população, mas o governo vem negligenciando a vida e trouxe o caos para o Brasil. Não podemos nos calar nesse momento. É preciso dar um basta neste genocídio”, afirma.
Socorro Lacerda, dirigente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em Petrolina, reafirma a necessidade da esquerda retomar seu espaço nas lutas de rua “É importante que ocupemos as ruas de forma responsável hoje, de maneira contrária ao que Bolsonaro faz, ameaçando a vida do povo brasileiro com seu projeto genocida. É importante ocuparmos esse espaço de luta porque o Brasil está agonizando pela irresponsabilidade de Bolsonaro”.
Na cidade sertaneja, já foram confirmados mais 27 mil casos de covid-19 e 395 mortes. Para o vereador Gilmar Santos (PT), a falta de medidas eficazes para conter o vírus na cidade é uma consequência da aproximação ideológica entre Bolsonaro e o prefeito Miguel Coelho (MDB) “Ele é cúmplice deste projeto de morte. O prefeito, filho do senador Fernando Bezerra Coelho, que é líder do governo Bolsonaro no Senado, se compromete com esse projeto quando não faz um enfrentamento a todas essas ações do governo Bolsonaro que são contrárias a vida da população”, explica.
Respeitando as medidas de isolamento, com distribuição de máscaras e álcool, o ato seguiu pelas principais ruas do centro da cidade, recebendo o apoio de motoristas e pessoas que transitavam pelo local e encerrou no Concha Acústica Municipal.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Rani de Mendonça