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“A vida do povo negro é difícil todos os dias”, afirma presidenta da FENATRAD

A desigualdade e o preconceito de gênero não são os únicos problemas que as mulheres negras precisam enfrentar, também necessitam encarar a desigualdade racial, social e econômica, entre outras questões.

Publicado: 30 Novembro, 2020 - 10h19 | Última modificação: 30 Novembro, 2020 - 17h08

Escrito por: CUT-PE

Justino Passos/ECOS
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A vida do povo negro é dificil todos os dias. A afirmação é da presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD) e diretora da CUT-PE, Luiza Batista. Ela destacou que dentro do contexto da luta das trabalhadoras domésticas, está também inserida a importância da luta por justiça racial, a luta contra o racismo, porque a maioria absoluta é mulher e, dessa maioria é mulher negra.

O mês de novembro dedicado à Consciência Negra se encerra hoje, dia 30. Porém, a luta do povo negro não acabou e nem acabará. Conscientização e resistência continuam pulsando em homens e mulheres que seguem na linha de frente de combate. A desigualdade e o preconceito de gênero não são os únicos problemas que as mulheres negras precisam enfrentar, também necessitam encarar a desigualdade racial, social e econômica, a discriminação racial, o racismo estrutural e institucional.

“Somos descendentes de pessoas que vieram traficadas do continente africano. Aqui fomos escravizadas e escravizados. Fomos nós que construímos a riqueza desse País. E, hoje, em pleno século vinte e um, infelizmente, lutamos contra falta de respeito e nossa raça e cor. Lutamos também para garantir os direitos conquistados ao longo dos anos, com muita e sacrifício”.

Marcelo Pinto / Fotos Públicas

JUSTIÇA SOCIAL

Luiza Batista assinalou que a questão da justiça racial é um problema que ela não somente engloba às trabalhadoras domésticas, e sim ao povo negro em geral; a ganância, soberba, arrogância e prepotência de homens brancos - venderam e aprisionaram pessoas que eram de lugares e famílias nobres, todavia, elas foram tratadas no Brasil de forma igual aos seus semelhantes na cor. 

Na opinião de Luiza Batista, a luta FENATRAD e da CUT Pernambuco envolve negros e negras, cujo objetivo principal é mostrar verdadeiramente às pessoas que, o fato de ser uma pessoa negra ou de cor, não implica ser melhor ou pior que ninguém.  “Nós lutamos e queremos ter um tratamento dignamente como ser humano. A nossa categoria foi inviabilizada também, porque como o que nos restou, quando do momento da abolição da escravidão. Um movimento que a gente não ver que foi justo da forma que deveria ser. Muita gente foi prejudicada em aspectos pessoais, sociais e econômicos. Houve separações, perdas e traumas. Os negros trabalharam e produziram para os “donos do poder” e, quando foram libertados, não levaram nada. Perderam tudo”, pontuou.

Segundo ela, o racismo existe sim de forma cruel, apesar de alguns negaram. Todavia, as atitudes demonstram o contrário.  O mês de novembro é para reforçar a luta, consciência e resistência negra, além de reafirmar ainda mais a importância como ser humano e dentro do contexto social, político e econômico no país.

“Hoje, nós temos direitos que foram conquistados à base de sofrimento, suor e lágrimas. Mesmo assim,  ainda nos deparamos simplesmente com patrões e patroas que nos desrespeitam, nos tratam de maneira mal educada e grosseira, não respeitam às leis trabalhistas”, pontuou.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

REALIDADE CRUEL

Ainda temos de engolir que o País não é racista? A sindicalista, Luiza Batista, reage e frisa que o povo negro está preso; as mulheres negras na sofrem as mais diferentes violências, inclusive obstétrica; as crianças acometidas de anemia falciforme são chamadas de “manhosas”, por médicos brancos, no momento que sentem dores e choram. “Esse povo que, em sua maioria está desempregado, morando em periferias, córregos e alagados, com baixa autoestima. No Brasil, a realidade dói na pele e na alma: as abordagens policiais os negros são tratados como marginais, bandidos “mão na cabeça, porra! ”, enfatizou.

Não há dúvidas que o racismo é estrutural e institucional, uma vez que em casos de conflitos, a pessoa branca é ouvida, já a negra, nem sempre; nas barras da Justiça, que comete o crime de racismo é sempre favorecido. Ou seja. a punição é feita por meio de serviços comunitários. A vida do povo negro é difícil todos os dias. Faça chuva ou faça sol.