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Centrais se unem no 1º de Maio contra Bolsonaro e reforma

Dez entidades, mais frentes Brasil Popular e Povo se Medo, vão organizar manifestação na Praça da República, em São Paulo.

Publicado: 11 Abril, 2019 - 15h00

Escrito por: Vitor Nuzzi, da RBA

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As 10 centrais sindicais brasileiras, reconhecidas formalmente ou não, se uniram de forma inédita para a manifestação de 1º de Maio deste ano, marcada para a Praça da República, região central de São Paulo. Também vão participar do ato as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo. Ao divulgar a atividade na manhã desta quinta-feira (11) na Praça Ramos de Azevedo, também no centro, dirigentes destacaram a necessidade de somar esforços para combater o governo Bolsonaro e suas medidas, com destaque para a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6, de "reforma" da Previdência.

"O que motiva o 1º de Maio unificado é exatamente a necessidade de dar resposta a esse ambiente hostil", afirmou o presidente da CTB, Adilson Araújo, enquanto distribuía panfletos na calçada diante do Teatro Municipal. "É um governo que defende uma agenda ultraliberal, de viés fascista, de extrema-direita, legislando interesses do grande capital", acrescentou, lembrando que a "propaganda" oficial para a Previdência é a mesma do período do projeto que mudou a legislação trabalhista: criar empregos e impulsionar a economia, algo distante da realidade. "O que a gente assiste no curso da reforma trabalhista é o desemprego alarmante, a informalidade e o desalento."

Também hoje, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nova estimativa para o crescimento da economia neste ano, que recuou de 2,7% para 2%. Já a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) industrial despencou: de 3%, em dezembro, para 1,1% agora. "O ritmo da atividade no início do ano foi bem mais fraco do que se esperava. O desemprego permanece alto, as famílias ainda não retomaram o consumo e as empresas enfrentam muitas dificuldades", disse o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, o que poderia proporcionar crescimento econômico é uma reforma tributária. "A da Previdência é um pleito dos banqueiros, do mercado financeiro", definiu.

Ele avalia que a união entre as centrais "é o grande feito" deste ano. "A maturidade falou mais alto. Se não tiver essa unidade, não conseguiremos enfrentar o inimigo. Isso fortalece a luta contra a reforma." O dirigente considera que, neste momento, a PEC 6 "não passa", mas lembra que o governo está agindo no Congresso e com o empresariado para garantir a aprovação.

O ato de 1º de Maio está previsto para ir das 10h às 18h, com a prersença de artistas – nenhum nome ainda foi confirmado. Participam da organização do evento CGTB, CSB, CTB, CSP, CUT, Força, Intersindical (duas), Nova Central e UGT, além das frentes.

Propaganda enganosa

"Querem enterrar o direito à aposentadoria, estender o tempo de contribuição. Dois anos atrás, diziam que a reforma trabalhista era para criar emprego, e as centrais diziam que era para legalizar o bico", afirmou o coordenador da Intersindical (há duas centrais com esse nome), Edson Carneiro, o Índio. Eles fizeram a reforma trabalhista e a lei da terceirização irrestrita prometendo emprego, e só veio desemprego", emendou, citando ainda a Emenda Constitucional 95, de teto dos gastos públicos. "Não se deixe enganar pela propaganda enganosa dos grandes meios de comunicação, desse ministro banqueiro (Paulo Guedes)", disse Índio às pessoas que passavam pela praça, uma região de intenso comércio.

Na próxima terça-feira (16), representantes das centrais voltarão a se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para falar também da Medida Provisória (MP) 873, sobre financiamento sindical. Ontem, pela segunda vez seguida, foi cancelada a reunião prevista para instalar a comissão mista destinada a dar parecer sobre a MP. Sindicalistas deverão apresentar uma proposta alternativa, e existe também a expectativa de que, sem apoio, a medida acabe "caducando" no Congresso. 

O presidente da CTB defende o diálogo, mas vê essa aproximação com cautela. "Temos de continuar vigilantes", afirmou Adilson. Para ele, o caminho aponta para "construir uma grande greve geral".