Gráfico terá piso salarial distinto. Menor salário será de R$ 920

Pela primeira vez na história da categoria gráfica do estado, funcionários passarão a ter um piso salarial para uma função específica. O piso de entrada será de R$ 1,5 mil para operadores de máquinas de quatro cores. Já o menor salário a ser pago nas empresas do setor, será de R$ 920. O valor equivale a 7,5% de reajuste para o piso salarial. O aumento para quem não recebe o piso foi de 7%. As regras passam a valer já a partir deste mês. Os valores foram levantados na mesa de negociação entre os sindicatos dos trabalhadores e patrões na última quinta-feira (17), e aprovados no mesmo dia, em assembleia geral dos funcionários no Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Pernambuco (Sindgraf-PE). Falta apenas a assinatura da convenção coletiva de trabalho entre os sindicatos, que deve ocorrer na quinta-feira (24).

A conquista de 7,5% para piso salarial e 7% para o restante da categoria é bastante significativa. O percentual conquistado pelos gráficos é muito semelhante aos dos bancários (8%) após a greve nacional. Os gráficos não fizeram greve, mas realizaram uma paralisação nas Indústrias Renda durante a campanha salarial e diversas assembleias em muitas gráficas. A campanha deste ano foi marcada pela habilidade e pelo poder de negociação da direção do Sindgraf-PE. Liderado por Iraquitan da Silva, os gráficos pernambucanos também conseguiram concluir as negociações no mesmo mês da data-base da categoria, que é em outubro. A última vez que isso aconteceu foi em 1990.

“Para mim, o piso salarial para funções específicas foi talvez a maior das conquistas dos últimos anos. Salários distintos já é o começo da nossa exigência do plano de cargos, salários e funções. Trabalho complexo e com mais responsabilidade merece salário maior”, diz o Iraquitan da Silva, presidente do Sindgraf-PE. O plano é uma forma de valorizar os gráficos pela complexidade da função e da responsabilidade exercida dentro da empresa. O dirigente lembra que existe e é preciso acabar com uma cultura das pequenas e médias gráficas de pagar o piso salarial para todos os funcionários, até mesmo para os operadores de máquinas maiores, e adicionalmente por fora do salário, remunerá-los pelo serviço, precarizando o trabalhador e todo o setor gráfico.

“Pagar o justo salário na carteira de trabalho é a nossa meta. Isso é só o primeiro passo e sabemos que há muito que melhorar, mas, apenas acontecerá quando todos os gráficos forem para a luta”, diz lembrando que esse foi só o primeiro passo. Ele defender que cada função tenha o seu piso salarial de entrada específico, mas, isso só acontecerá com muita luta e consciência de classe da categoria.

Por falar em luta e consciência de classe dos gráficos, Iraquitan aproveita o momento para enaltecer a todos aqueles trabalhadores que participaram ativamente e também a aqueles que estavam preparados para entrar em ação quando fosse preciso, segundo o planejamento prévio. “O bom é que chegamos ao acordo necessário”, fala Iraquitan. Todavia, o dirigente diz que se tivesse maior participação de todos, seria bem melhor o resultado. O tamanho da conquista é igual à participação.