Escrito por: Sindgraf-PE

Medo de adoecer supera medo do patrão e denúncias aumentam

Comitê Feminino é um local onde a empregada sabe que será ouvida e verá o seu problema ser levado à serio e defendido pelo Sindgraf-PE.

As denúncias das trabalhadoras gráficas tem crescido. É a forma que buscam de se proteger, embora ainda com medo, mas com coragem de não mais ficar calada sofrendo sozinha na empresa. Elas tem buscado cada vez mais apoio do sindicato. Mas, ainda é tímida a sindicalização delas, apesar da necessidade de participar para fortaleceram a entidade e se autoprotegerem através do próprio sindicato.

Embora a maioria das pesquisas científicas mostra que a pressão sobre o trabalhador não trás maiores resultados produtivos como se pensava, mas tem efeito contrário, e, erroneamente, tal prática persiste em parte do empresariado e gestores (líderes) do país, talvez originária da cultura machista nas relações interpessoais. O setor gráfico é um dos setores onde tal prática de autoritarismo continua, e é transformada em assédio moral, mesmo que provoque à empresa uma redução da produtividade, ampliação de erros e desperdício de insumos, além de provocar mais acidentes e mais processos trabalhistas e etc. O assédio também afeta a saúde física e mental do trabalhador. E este tipo de violência, que não para de crescer no ambiente profissional, já está no topo da lista das principais doenças que afastam o funcionário do emprego. E essa é uma das razão da atual elevação no número de denúncia dos trabalhadores à entidade de classe (Sindgraf-PE), que não querem adoecer ou agravar doenças em razão do assédio moral por parte de seus superiores.

 

“No último ano, aumentou as reclamações sobre o excesso cometido pelas chefias e os assédios contra as trabalhadoras”, diz Lidiane Araújo, vice-presidente do Sindgraf-PE e coordenadora do Comitê Feminino da categoria. A dirigente associa a ampliação das queixas das mulheres, não necessariamente ao aumento desses problemas nas fábricas, mas, especificamente, ao relançamento do Comitê Feminino das Gráficas. Tal grupo tem estimulado e encorajado as trabalhadoras a perder o medo e a fazer reclamações dos seus problemas ao sindicato. O Comitê virou um tipo de refúgio. É um local onde a empregada sabe que será ouvida e verá o seu problema ser levado à serio e defendido pelo Sindicato. É assim que muitos casos têm sido resolvidos, pois as sindicalistas têm levado as denúncias para os órgãos públicos competentes, a exemplo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado.

 

“Temos recebido ultimamente mais denúncias anônimas de assédio”, diz Lidiane.  A dirigente não ver problemas neste forma de reclamação. Ela entende que o anonimato é uma forma de intenção das mulheres de se proteger, embora ainda com medo, mas com coragem de não mais ficar calada sofrendo sozinha na empresa. Este é um passo importante para o começo da mudança, pois, inicialmente, partilha com o sindicato, que é órgão que defende a categoria dos maus patrões, as suas dificuldades enfrentadas dentro da empresa. Apesar do medo de denunciar e depois de se identificar, porque teme perder o emprego (o mesmo que trará sua doença ou o agravamento se ficar calada), ou o mede do assédio ficar ainda maior, a trabalhadora já entende que isolada e em silêncio nada tende a melhorar, somente a piorar. Lidiane frisa que é relevante mudar esta cultura do silêncio das mulheres frente ao problema do assédio no ambiente profissional, que é inclusive um tipo de violência oriunda da cultura machista, já que trata do imposição de poder sobre as pessoas.

 

Nesse sistema socioeconômico e político em que vivemos, considero o machismo oculto, principalmente no ambiente profissional, a pior das pragas que são perpetuadas através das relações autoritárias de poder por meio dos cargos dentro das empresa. E esse comportamento ocorre quando há o abuso do direito do empregador ou gestor (líder) de exercer seu poder diretivo ou disciplinar sobre os subordinados, cuja as medidas adotadas, numa desenfreada busca para atingir metas empresariais, deterioram as condições em que o trabalhador exerce o seu trabalho. Outra prática, infelizmente, também conhecida, observa-se quando tais empregadores ou gestores usam da forçar para que o trabalhador peça demissão no intuito de livrar-se das multas dos pagamentos rescisórios.

 

Guardadas as devidas proporções e relações, a cultura do machismo se relaciona em todas as esferas da vida, mas, não se tem lei específicas para proteger dessa violência dento do local do trabalho, como já há leis para proteção da mulher dentro do ambiente doméstico, a exemplo das lei 11.340 (Maria da Penha) e da lei 13.104 (Feminicídio). No mundo do trabalho, as leis mais avançadas são resultantes apenas de cláusulas conquistadas nas campanhas anuais, quando o sindicato, junto com a categoria, pressiona os patrões para inseri-las na Convenção Coletiva de Trabalho. Todavia, independente de novas leis, o sindicato é o local de proteção da trabalhadora, que deve usar melhor esta representação para ficar mais segura. Portanto, as trabalhadoras precisam se unir cada vez mais e buscar apoio da sua entidade de classe, bem como precisam fortalecer seu sindicato através da sua sindicalização.

 

Ainda é tímido o número de filiação de mulheres ao sindicato, apesar da necessidade das próprias mulheres em se fazer mais presente dentro da entidade para se autoproteger das irregularidades patronais. “Apesar de não ser obrigatória, a sindicalização é um direito da categoria, incluindo homens e mulheres. E a sindicalização é fundamental para fortalece o único órgão que é composto exclusivamente por trabalhares(as) e, só assim, são os legítimos representantes desses trabalhadores junto aos empregadores. É por esta razão que o sindicato luta para defender os  direitos já conquistados da categoria, e luta também para ampliá-los. No entanto, para o sindicato ter força e poder, é necessário que ele possua grande número de profissionais sindicalizados. Uma participação efetiva poderá fazer a diferença nas pautas que devem ser travadas também pelas trabalhadoras gráficas, no enfrentamento de desafios pertinentes.

 

Assédio moral no trabalho

 

O assédio moral é a exposição dos trabalhadores(as) a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções. Tais práticas são mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego.