Escrito por: Tatiana Melim
Uma nova assembleia ocorrerá nesta quinta-feira (13). “Se a empresa não apresentar uma nova proposta, a categoria está preparada para a greve”, diz o presidente do Sindmetro
s trabalhadores e trabalhadoras do Metrô de Pernambuco rejeitaram, por unanimidade, a contraproposta feita pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) à pauta de reivindicações que a categoria apresentou. A empresa queria repor apenas 60% da inflação acumulada no período - menos de 1% de reajuste -, além de extinguir 11 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e a alterar outras duas.
Em assembleia realizada nesta terça-feira (11), os metroviários decretaram estado de greve e poderão cruzar os braços se a empresa não apresentar uma proposta para o acordo bianual (válido para 2019 e 2020) que atenda as demandas dos trabalhadores e trabalhadoras. Uma nova assembleia está marcada para esta quinta.
O presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), Getúlio Basílio, explica que uma das principais cláusulas que a empresa quer alterar e não tem acordo com a categoria é a que estabelece uma multa em caso do descumprimento de algum item do ACT.
Segundo Getúlio, o acordo prevê que a CBTU tem de pagar 10% do salário nominal de cada trabalhador lesado pelo descumprimento de algum ponto do Acordo Coletivo. A empresa levou para a mesa de negociação a proposta de substituir o valor dessa multa por apenas R$ 36 a cada ação.
“É uma proposta absurda e inegociável”, contesta o presidente do Sindmetro-PE. “Colocamos isso no acordo justamente para garantir o comprometimento da empresa em colocar em prática o que for negociado. Agora, eles querem praticamente acabar com essa cláusula e ter liberdade para descumprir o acordo”.
Além de discordarem da proposta econômica, que prevê a reposição de apenas 60% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), os metroviários não aceitam a falta de contraproposta à reivindicação de um abono salarial de R$ 1.200 e o fim de outras cláusulas econômicas e sociais conquistadas pela categoria ao longo dos anos de luta.
CBTU quer acabar até com toalhas higiênicas
É o caso do benefício concedido aos metroviários que trabalham em áreas que exigem o contato com óleo e graxa. Esses trabalhadores recebem, a cada semestre, um par de toalhas de banho para se limparem após o serviço e a empresa quer acabar com esse benefício.
“Essas toalhas são praticamente uma ferramenta de trabalho. Querem negar até mesmo uma toalha que garante aos metroviários o cuidado mínimo com a sua higiene. Não aceitamos”, diz o presidente do Sindmetro-PE.
Empresa aposta em mais recessão e menos direitos
Para Getúlio, além da reforma Trabalhista do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), que acabou com mais de 100 itens da CLT e dificultou os processos de negociação coletiva este ano, os responsáveis por negociar com os metroviários estão apostando na instabilidade da transição do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que já falou até em fazer uma reforma mais ampla ainda, ou seja, com mais retirada de direitos, para aterrorizar os trabalhadores.
“Com as propostas que Bolsonaro apresentou na campanha e a linha que o novo governo sinaliza adotar, a CBTU está apostando em um cenário com mais recessão econômica e menos direitos aos trabalhadores. Por isso, faz pressão para retirar direitos”.
Paralisação em outros estados
Apesar da autonomia de cada sindicato, a negociação é ralizada em bloco e, além de Pernambuco, os metroviários que trabalham na CBTU de outros estados – Minas Gerais, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro - também podem deliberar pela paralisação se a empresa insistir na proposta que representa a retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.