Escrito por: Sindgraf-PE

O gráfico dos gráficos: João da Costa Pimenta

Na sexta-feira (7), a categoria está convidada para comemorar este significativo dia de luta. Compareça ao Sesi do Ibura/Recife

Em 7 de fevereiro deste ano, na próxima sexta-feira, comemora-se 91 anos do Dia Nacional dos Trabalhadores Gráficos. Foi quando pela primeira vez na história do Brasil se instituiu uma convenção coletiva de trabalho em favor da categoria gráfica. Evidente, que como tudo na vida, a conquista saiu de “mão beijada”, mas foi resultado de uma grande greve organizada pelos trabalhadores, naquele tempo em que não havia direitos trabalhistas, nem se permitia a organização sindical. Contudo, mesmo assim, liderado pelo gráfico João da Costa Pimenta – considerado até hoje o maior de todos os gráficos – a vitória prosperou. Viva os gráficos! – Na sexta-feira (7), a categoria está convidada para comemorar este significativo dia de luta. Compareçam ao Sesi do Ibura/Recife.

Um homem simples, modesto trabalhador gráfico, mas com um histórico de vida de invejar qualquer liderança sociopolítica. Ele foi preso mais de 40 vezes por acreditar na justiça social e lutar a favor da classe operária. Ele é João da Costa Pimenta, responsável por aplicar uma derrota sem precedentes e também sem repetição aos patrões na história do Brasil. O gráfico foi ainda responsável pela construção de diversos sindicatos operários, com destaque à UTG – União dos Trabalhadores Gráficos, e por organizar significativas lutas promovidas pelo proletariado brasileiro até a Revolução de 1930, antes da opressão imposta pelo Estado Novo.

 

Um homem simples, realmente, mas um vanguardista, um progressista. Esteve à frente de várias iniciativas de organização operária a nível nacional durante o processo de industrialização do país. Foi fundador da primeira tentativa da construção da Confederação Operária Brasileira; presidiu o histórico Terceiro Congresso; foi um dos oito delegados do Congresso de Fundação do Partido Comunista do Brasileiro, em 1922, sendo o primeiro candidato operário no país, lançado pelo então partido. Também participou da insurreição operária no Brasil, promovida pelos anarquistas em 1917. Algumas décadas à frente, com o fim do Estado Novo, em 1945, ainda ajudou a fundar o Partido Socialista Brasileiro, sendo candidato ao senado por São Paulo nas eleições Constituintes.

 

Entretanto, é ainda preciso retroceder no tempo, para ilustrar e destacar mais a respectiva atuação combativa deste simples e grande homem no comando de grandes greves do início do século passado, a exemplo da Greve Geral de 1917 e da Greve dos Gráficos de 1923. Na primeira, ele foi um dos dirigentes do Comitê que coordenou a greve mais famosa do país, conquistando a redução da jornada semanal de trabalho para 48 horas. Na segunda, fundou e presidiu o mais bem organizado sindicato do país, a União dos Trabalhadores Gráficos, e conduziu a greve dos gráficos até emplacar a maior derrota dos patrões na história do Brasil.

Os gráficos permaneceram 42 dias em greve até que todas as empresas do estado de São Paulo reconhecessem as reivindicações da categoria.

“Se necessário, comeremos terra”, disse João da Costa Pimenta, após uma sequência de represálias da polícia, orquestradas pelos patrões, inclusive, com a prisão dele, e a invasão do galpão com a destruição de alimentos que, foram doados por operários de outras categorias, e serviam de sobrevivência dos gráficos grevistas. Diante do episódio, a consciência de classe se misturou com a indignação dos trabalhadores que resistiram até que todas as exigências fossem aceitas por todas as empresas.

 

Este é o legado dos trabalhadores gráficos, e destacadamente do maior de todos os gráficos: João da Costa Pimenta, um homem simples, que a partir de sua ideologia em acreditar na justiça social e lutar pela classe operária brasileira, tornou-se um grande líder e protagonizou um dos mais combativos episódios de resistência, unidade e mobilização da categoria. O seu desejo era de que o dia 7 de fevereiro, data em que se iniciou a greve de 1923, nunca fosse esquecida pelos gráficos. Ela se tornou do Dia Nacional do Gráfico e continua viva na memória dos trabalhadores como a maior expressão de luta e de vitória da categoria.