Petroleiros repudiam proposta da Petrobras, denunciam desmonte
Empresa ofereceu 1% de reajuste e quer mexer no acordo coletivo. Sindicatos tentam barrar cortes. Na ECT, negociação também se arrasta
Publicado: 29 Julho, 2019 - 16h40 | Última modificação: 29 Julho, 2019 - 16h50
Escrito por: Redação RBA
São Paulo – Os representantes dos petroleiros formalizaram à empresa a reprovação da categoria, em assembleias por todo o país, à proposta de renovação do acordo coletivo. Eles afirmam que as negociações ocorrem “em meio ao maior desmonte da história” da Petrobras, que inclui ameaças de demissão, retirada de direitos, ataque à organização sindical e um índice econômico “que não cobre sequer a metade da inflação do período”. Na última sexta-feira (26), dirigentes das duas federações dos petroleiros (FUP e FNP) voltaram a se reunir com executivos da estatal. A data-base é 1º de setembro.
A proposta inicial, que previa 1% de reajuste, foi rejeitada por unanimidade, segundo as federações. Sindicatos filiados às duas entidades fizeram assembleias em todas as bases nas últimas semanas.
Na reunião de sexta-feira FUP e FNP “tornaram a cobrar a manutenção dos direitos da categoria e reafirmaram que não irão tolerar demissões à revelia do Acordo Coletivo, como as gerências vêm ameaçando”. De acordo com os sindicalistas, no encontro os gestores admitiram que trabalhadores com gerenciamento de desempenho (GD) abaixo de 70% podem ser demitidos. Além disso, a empresa estuda contratar consultoria para “trazer suporte na realocação de profissionais, para quem não permanecer na companhia”. Os dirigentes das federações afirmam que a direção da Petrobras “terceirizou para o mercado o RH da empresa”.
Sindicalistas estão realizando atividades nos locais de trabalho. E falam em organizar uma greve caso as negociações não avancem.
Correios
Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) também enfrentam dificuldades nas negociações – a data-base é 1º de agosto. Ainda não apresentada proposta econômica, e os sindicalistas afirmam que a companhia está “enrolando”.
Um dos pontos polêmicos, que já vem de outras campanhas, refere-se ao plano de saúde dos funcionários, “conquista histórica da categoria”, lembram os representantes sindicais. Na última quinta-feira, a empresa propôs aumentar a participação dos trabalhadores de 30% para 40% e fazer mudanças nas faixas etárias.
Paralelamente, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) tenta intermediar um acordo sobre o item do plano de saúde que fala da participação de pais e mães de funcionários. O vice-presidente do TST, ministro Renato de Lacerda Paiva, sugeriu criar um novo plano para esse segmento, que tem aproximadamente 50 mil pessoas, com os Correios arcando com 40% dos custos e os empregados, com 60% – o funcionário contribuiria com até 26,05% do salário para manter pai e mãe e até 17,37% para apenas um genitor.
“Apesar da resistência inicial da empresa em discutir uma solução para a questão e de sua insistência em retirar os pais do plano de assistência, o ministro, desde o início do mês, estabeleceu um diálogo com a alta administração da ECT na busca de alternativas. Para tanto, foram solicitados e verificados dados econômicos e financeiros que permitiram a estruturação da proposta”, diz o TST.
Na reunião, o vice-presidente manifestou aos dirigentes sindicais sua preocupação com a possibilidade de que os pais percam o plano de saúde a partir de 1º de agosto, caso não se chegue a um acordo até a data-base.