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Racismo: movimento negro realiza protesto contra seriado ?Sexo e as Nega?

A minissérie global, dirigida por Miguel Farabella, já acumula onze denúncias de racismo na ouvidoria da Seppir

Publicado: 17 Setembro, 2014 - 13h10

Escrito por: José Francisco Neto/Brasil de Fato

Ontem (16), o movimento negro fez um ato em frente à Rede Globo, em São Paulo, às 19 horas, contra a minissérie “Sexo e as Nega”, que também estreará hoje na emissora. No Facebook, outro ato também foi marcado para hoje (17), na Cinelândia, no Rio de Janeiro, às 17 horas.

Classificada como racista pelas organizações sociais e pela Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), a minissérie global, dirigida por Miguel Farabella, já acumula onze denúncias de racismo na ouvidoria da Seppir.

O movimento denuncia que a maneira como o programa retrata as mulheres negras contribui com os estigmas atribuídos historicamente a elas, como, por exemplo, o de “mercadoria sexual”.  “’Sexo e as Nega’ é só mais um capítulo do desserviço permanente prestado pela emissora ao povo negro”, disse Douglas Belchior, membro da Uneafro, em seu artigo na Carta Capital.

Para Beatriz Lourenço, militante do Levante Popular da Juventude, o programa tenta conduzir a farsa da democracia racial no Brasil. Ela explica que o  estereótipo não surpreende, uma vez que a Rede Globo já utiliza essa prática racista, colocando mulheres negras como empregadas e sexualizadas em quadros de programas humorísticos.

“O grande problema do programa é que ele, mais uma vez, rifa a vida e a autoestima das [mulheres] pretas, chamando isso de entretenimento. A nossa crítica abre janela para a necessidade de democratizar a mídia, que mais uma vez atua no sentido de fazer a manutenção do racismo brasileiro”, diz.

Desde quando foi anunciada a estreia da minissérie, milhares de pessoas se indignaram pelas redes sociais. De imediato, surgiu a proposta de mobilização pelo boicote ao programa. Para criar o seriado, Falabella se inspirou em sua camareira, que mora na comunidade Cidade Alta, que fica no bairro Cordovil, na zona norte do Rio de Janeiro.

Criticado pelo conteúdo racista do programa, Farabella não se importou, e ainda respondeu ironicamente que “o Brasil realmente precisa de protestos para mudar a sua situação”. “As pessoas têm que protestar mesmo. Este país precisa de protestos!”, disse em coletiva de imprensa na semana passada.

O seriado contará a história de quatro negras que vivem em uma comunidade carioca. A produção será uma sátira à famosa série estadunidense “Sex and the City”.