Escrito por: Rosely Rocha AGÊNCIA BRASIL
Intransigência da direção da empresa em suspender as negociações do acordo coletivo, mesmo com pedido de prorrogação do TST, fez sindicatos da categoria decretarem greve geral por tempo indeterminado
Para dar uma reposta à altura de que os trabalhadores dos Correios não aceitam a privatização da empresa, nem a retirada de direitos e benefícios, os sindicatos filiados a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), decidiram decretar greve geral por tempo indeterminado a partir das 22 horas do próximo dia 10 de setembro (terça-feira). O horário noturno é em razão de várias assembleias serem realizadas pelos sindicatos filiados a Fentect, no último turno dos trabalhadores que se inicia às 22h.
O secretário geral da Fentect, José Rivaldo da Silva, conta que o desmonte dos Correios, num claro sinal de que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) quer privatizar a empresa às custas dos trabalhadores e das trabalhadoras, para entregá-la ao capital estrangeiro com menor custo, foi dado com a decisão da direção da empresa em suspender as negociações de um novo acordo coletivo, mesmo após o Tribunal Superior do Trabalho (TST) ter sugerido a prorrogação das negociações por mais 30 dias.
“Já cortaram o convênio médico dos nossos pais e mães. Eles querem empobrecer a categoria e deixar a empresa mais barata para facilitar o processo de privatização. Por isso, definimos pela greve geral para enfrentar o governo Bolsonaro e construir a resistência”, afirma José Rivaldo.
A direção dos Correios se recusa a manter os mesmos benefícios da categoria do último acordo coletivo, que venceu em 1º de agosto. A empresa quer retirar tudo que o que está “a mais” do que manda a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). São eles:
Percentual sobre férias - Os trabalhadores dos Correios recebem 70% a mais sobre os salários no período de férias. A CLT exige 40%.
Ticket refeição - Atualmente cobre 26 dias do mês. Os trabalhadores recebem um talão extra no fim de ano que eles chamam de “ticket peru de Natal” e um talão a mais no período das férias. A empresa quer retirar os dois talões extras e oferece tickets refeição apenas para os dias trabalhados de segunda a sexta, o que reduz a média para 22 tickets ao mês.
Fim do auxílio creche e aumento do plano de saúde - O atual percentual do plano de saúde é dividido em 70% de participação da empresa e 30% dos trabalhadores. A direção oferece uma contrapartida de 60% e quer aumentar para 40% a participação dos trabalhadores. Acaba o auxílio creche.
Atualmente os Correios têm 99 mil trabalhadores. O auge foi em 2010 com 128 mil, mas após diversos planos de demissão voluntária, que se intensificou no governo ilegítimo de Michel Temer (MDB/SP), o déficit hoje está em 40 mil.
“Estamos conseguindo manter o funcionamento da empresa, mas não com o mesmo padrão de excelência, por falta de gente. Hoje um carteiro ganha um salário inicial de R$ 1.729,06 para trabalhar 8 horas por dia, andando de 6 a 8 quilômetros, carregando nas costas entre 30 a 40 quilos de correspondência. Retirar os benefícios vai deixar a profissão menos atrativa”, critica o secretário geral da Fentect.